A Turtle Run 42k Off Road foi um prova dura, fisicamente e psicologicamente. Paisagens incríveis, la do alto da Pedra do Telegrafo. Meu corpo continua com os estigmas do percurso. Mas a minha cabeça quer esquecer da experiencia (des)humana pela qual passei. Esse terceiro lugar na dupla feminina tem gosto amargo, e o trofeu para mim sempre sera uma lembrança do que não se pode fazer numa prova off road.
Eu corri os dois primeiros trechos da prova. O primeiro era a estrada Recreio/Grumari, lugar de treino bem conhecido. Nenhuma dificuldade e consegui abrir um pouco. Os problemas começou no segundo trecho, ao iniciar o caminho pelas trilhas : dali para frente, foi um festival de egoísmo e individualismo.
– Staff com o nariz no celular, que tínhamos que chamar para ele indicar o caminho
– Eu cai na trilha, sem ninguém na minha volta. Levantei, olhei para os meus dois joelhos sangrando, meio em estado de choque, quando uma menina me passou correndo e gritou “Você é dupla ou quarteto?!” so consegui responder “eu cai”. “Mas você é dupla ou quarteto?!”. Ela não queria saber de mim, e sim da colocação dela.
– Outro staff que indicou a trilha errada. Quando voltei para trilha certa a menina que eu tinha deixado 3minutos atras estava na minha frente.
– Competidor masculino, a anos luzes do pelotao de frente da prova gritando para eu “abrir o caminho” numa trilha onde mal se conseguia botar um pé en frente do outro. Teve que parar num cantinho para deixar ele passar, pois o mesmo quando eu pedi para ele esperar, que eu não tinha como abrir o caminho sem torcer o pé, começou a gritar que sim, dava para abrir.
Espero que o individualismo nosso de cada dia não tome conta das trilhas. Trilha não é asfalto, o perigo é bem maior, e nessas horas a segurança de todos deve passar antes da competição por um lugar no pódio. E olha que o trofeu foi nível faixa etária e nem ganhamos um brinde sequer….
Ficou feliz em fazer parte de uma equipe que não deixa ninguém atras, que se importa com os outros e que segura a sua mao quando você esta chorando no posto medical.
Creditos : Gustavo Nogueira